Esta segunda-feira, dia 13 de dezembro, é o dia de Santa Luzia, e, como nos diz a tradição, em Vila Real as senhoras “têm de dar o Pito aos senhores”. Hoje, cumpre-se a tradição de dar o Pito, num ano marcado pela pandemia, sem a habitual festa e com receio de quebras nas vendas.
É na Capela de Santa Luzia, na localidade de Vila Nova (freguesia de Folhadela), que as portas se abrem nesta segunda, cumprindo a tradição, para vender este doce típico que atrai dezenas de pessoas.
Esta tradição começou por ser religiosa, mas, com o passar do tempo, passou a ter um cariz mais popular. Agora, são mulheres e os homens de todas as idades que aderem à brincadeira.
Assim, reza a tradição que, em Vila Real, as senhoras devem oferecer o Pito aos senhores, para que, na festa de S. Brás, em fevereiro, estes lhes ofereçam a Gancha, uma bengala de açúcar caramelizado.
A história, como nos contaram…
O Pito, um doce tradicional vila-realense, teve origem nas mãos duma freira gulosa que foi enviada para o convento com o objetivo de transformar o pecado da gula em virtude.
Um dia, enquanto aplicava curativos aos doentes com pachos de linhaça (panos com o curativo, cujas pontas se dobravam para dentro, de forma a não perder o conteúdo), a freira teve uma visão e acorreu para a cozinha.
De seguida, com base no formato dos pachos de linhaça, dobrou a massa que, no seu interior, tinha compota de abóbora.
Quando terminou, escondeu-os, pois estava proibida de sucumbir ao pecado da gula. Porém, quando passou por perto da madre superiora, que era cega, esta sentiu o cheiro adocicado e perguntou-lhe o que transportava, ao que a freira gulosa respondeu: “são pachos de linhaça para os doentes”.
À noite, Maria Ermelinda sucumbiu ao pecado da gula, sem se sentir culpada, pois ninguém desconfiava do estratagema.