UTAD impulsiona trilobites gigantes de Canelas como geossítio mundial

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A jazida de trilobites gigantes do Ordovícico Médio de Canelas, localizada no concelho de Arouca, está entre os primeiros 100 geossítios do mundo, uma conquista que tem o cunho da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD). 

A investigação desenvolvida em Canelas desde 2003, com um contributo muito importante da UTAD, permitiu a criação do Arouca Geoparque Mundial da UNESCO e, desde logo, demonstrar a relevância internacional deste geossítio que, agora, recebe este reconhecimento de valor universal”, refere Artur Sá, investigador da UTAD e autor desta candidatura à seleção dos primeiros 100 geossítios do mundo.

Reconhecidas como as maiores do mundo, as trilobites gigantes de Canelas revelam vestígios da vida nos habitats marinhos. Além de albergam uma fauna de invertebrados fósseis do Ordovícico Médio, preservam informações do seu comportamento e modos de vida, o que torna este geossítio do Arouca Geopark uma referência incontornável para o conhecimento paleontológico.

“Aquilo que hoje são ardósias numa pedreira em Arouca eram, há 465 milhões de anos, sedimentos finos no fundo do mar em latitudes austrais, próximas do pólo sul de então (numa das margens do supercontinente Gondwana). Aí existia uma biodiversidade exclusivamente marinha, onde as águas frias condicionavam a dimensão destes artrópodes primitivos e já extintos, da mesma maneira que na atualidade condicionam o tamanho do caranguejo real no Mar de Bering. Para além disso, ficaram preservados comportamentos associados a acasalamento em massa, mudas coletivas de carapaças e relações intra e interespecíficas destes animais muito primitivos”, explica Artur Sá.

A classificação da União Internacional das Ciências Geológicas (IUGS) atribuída a esta fauna fóssil só vem reforçar este geossítio como “um lugar de excelência para a ciência, a educação e o geoturismo”.

“É um reconhecimento internacional, ao mais alto nível, do valor e relevância deste geossítio e que, com esta classificação, se assume formalmente como um dos mais relevantes capítulos da história da evolução da vida na Terra”, afirma Artur Sá.

Portugal vê ainda distinguidos os geossítios da Discordância Angular da Ponta do Telheiro (Vila do Bispo), onde se observam arenitos do Triássico Superior, e do Vulcão dos Capelinhos (Faial), com rochas que testemunham uma erupção vulcânica submarina de baixa profundidade.

A lista dos primeiros 100 geossítios do mundo vai ser apresentada pela IUGS, num encontro que decorre entre hoje e o dia 28 de outubro em Zumaia (País Basco). Realizado no âmbito do projeto UNESCO – The First 100 IUGS Geological Heritage Sites, o encontro vai reunir geólogos de mais de 40 países e 10 organizações internacionais.

UNESCO – The First 100 IUGS Geological Heritage Sites

A lista dos primeiros 100 geossítios do mundo foi elaborada por um painel internacional, considerando o seu valor científico excecional e o facto de se tratarem de locais-chave para a compreensão da história geológica do planeta. Nesta seleção restrita de ocorrências geológicas de valor universal, estão contempladas as rochas com milhares de milhões de anos na África do Sul, evidências de vida primitiva em rochas da Austrália e da China, alguns dos melhores exemplos de fósseis de dinossauros no Canadá, os primeiros registos do desenvolvimento de hominídeos na Tanzânia, as rochas de origem marinha no cume do Monte Everest. Também os lugares icónicos como o Grand Canyon nos Estados Unidos da América, o glaciar Perito Moreno na Argentina, a caldeira vulcânica da ilha de Santorini na Grécia ou o relevo residual de Uluru na Austrália têm lugar nesta listagem.

CI_UTAD

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